Rasguei aquela folha de papel, aquela folha de papel que trazias no bolso do teu casaco. Poderia ter afixado no quadro que deixaste lá em casa, todavia de que me adiantava guardar algo mais que te caracterizasse. Bastaram-me as longas e desesperadas horas de atenção para assegurar a especialidade de uma relação. Essa mesma agora que desvanecida pelo tempo como areia numa ampulheta desejava voltar ao de cima para uma nova partida. Acontece que nem só os telhados são de vidro, a ampulheta também se serve da mesma protecção. Por isso, não retomes, não existem inevitáveis á espera na tua porta, aí somente a aspiração a novas inspirações. De nada me serve a esperança ou a dita confiança, sendo certo que comportam a atitude de quem quer e deseja. Deixo que o tempo corra alegremente, sem as pressas do quotidiano, e creio que cedo se desmancham as ondulações de um mar bravo e inquietante. Tem dias que até antevejo o turbilhão de nuvens negras passando pela cabeça, os relâmpagos de uma noite quente que precedem a tempestade mas tudo isto detestado e encaminhado para os lugares do esquecimento. De pés descalços, à beira mar, sentindo a maresia que entra pelo corpo frio, de olhos postos naquele que até à bem pouco encontrei e não mais quererei largar, suspiro pela radiação solar que determina a minha imaginação, e quando volto ao meu lugar percebo a ligação dos elementos. Sei que ao alcançar o meu espaço oceânico os nossos caminhos não se cruzam, embora juntos por cá, em lugares diferentes, com tormentos e de refúgios idênticos, esconder-te não será seguro. Cultivo as diferenças mas nada ganho em dizê-lo. Escrevo sem porquê de nenhuma lembrança. As minhas palavras, estas, não passam apenas de uma passagem para aquilo que não se vê e não se sabe.
1 comentário:
Anónimo
disse...
Gostei imenso deste texto..
A vida pode ser tao boa se simplesmente valorizarmos e guardarmos as coisas boas que vivemos e que a vida nos irá cetamente continuar a proporcionar e nao ficarmos presos ao passado que nao volta..
Identifico-me nessas tua palavras pois como optimista e a amante da vida que sou, nao quero deixar de acreditar que nao existem pedras que nao consigamos tirar dos sapatos!!!
PS: Parabens pelo blog que está mto bueno.. e ja percebi pela tua maneira de escrever que conheces os livros do Gonçalo
1 comentário:
Gostei imenso deste texto..
A vida pode ser tao boa se simplesmente valorizarmos e guardarmos as coisas boas que vivemos e que a vida nos irá cetamente continuar a proporcionar e nao ficarmos presos ao passado que nao volta..
Identifico-me nessas tua palavras pois como optimista e a amante da vida que sou, nao quero deixar de acreditar que nao existem pedras que nao consigamos tirar dos sapatos!!!
PS: Parabens pelo blog que está mto bueno.. e ja percebi pela tua maneira de escrever que conheces os livros do Gonçalo
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