quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Levantar


A
lcanço o fim do dia pela janela da minha praia. A tua cor dourada, quente, intensa, alanrajada, reforça um acolhimento, uma tristeza estranha e inclassificável que se aplica a todos os comuns dos mortais. Dualidades que parecem deixar-nos loucos por nos fazer sentir diversas emoções em escassos segundos. A certeza de que o fim chegara e a certeza de que o princípio se avizinhara. Deixar as malas desfeitas sobre a cama, pousar o livro sobre a estante, desencostar a prancha seca de mar e respirar de novo. São as únicas certezas que trago e que comigo levo. Retirar-me, reencontrar-me sem suspiros, alcançar novos mundos, novas linhagens de pensamentos, criar; fundamentalmente, novos Sonhos. Criar novas receitas de Amor, carregar novas visões de mar e permitir outras aventuras. Remar para um desencontro, remar para um encontro, remar para uma onda tão imensa quanto a minha essência. É assim que faço, é assim que consigo, é assim que descubro que de facto, não há nada que um dia de Surf não cure. Recitar descrições alegóricas que hoje sinto, amanhã já poderei não sentir, reencaminhar mensagens de que um anjo caiu do céu deixando um outro em terra de braço partido, em nada contribuirá para um reforçar de energias ou para um novo levantar.
Estarei sempre no mesmo lugar, enquanto Flor do Mar.





By, Marta Mendes

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