domingo, 28 de dezembro de 2008

Ano Novo









Dizem que 2009 será o Ano do Sol

Eu direi que 2009 será o Ano dos Sonhos

São os Sonhos que Comandam a Nossa Vida!
Feliz Ano!
By, Marta Mendes

sábado, 27 de dezembro de 2008

Perspectivas

Proponho-me a mais uma página nas nossas vidas, mesmo que antes as noites mal dormidas tenham levado as promessas prometidas, proponho-me á melhor das escolhas, aquela que ambos choramos por chegar, apesar de contraditória natureza de desejos. Estás ai, e eu aqui, falo comigo porque loucamente antevejo velhos hábitos, velhas rotinas a desabar sobre mim. A concretizar na minha pessoa aquilo que outrora conhecemos e achamos poder despejar. Prometi dias mais solarengos, dias mais tranquilos e perfeitamente idealizáveis aos meus olhos, sonhei e continuamente desejei, até concretizar todos os factos que alcançaram a perspeciva que tanto querias que alcançasse. Compreendi tudo, á margem de tantos outros, á merçê de tantas desilusões que apartada da realidade me encontrava, que do outro lado encontrava o lugar mais cómodo, mais reconfortante, mais mimoso e restruturante que em toda a vida tinha conhecido, The Shelter. Esse lugar, por mais voltas que dê, por mais experiências que tenha, por mais sonhos que preveja num futuro próximo, chama por mim, oiço o meu nome, sei que me queres por lá, sei que lá tenho uma poltrona desenhada por ti, á tua imagem, ao teu gosto. Dá vontade de sorrir, dá vontade de chorar. Como se fazem estes inéditos isso eu não sei explicar. A mente pode divagar, os pensamentos podem soltar-se em rodopios permanentes, todavia o ponto de partida é sempre o ponto de chegada. Liderando permissas erradas, tirando o chapéu a certas e determinadas evidências, dou de caras contigo. Ofereceste-me e poderias continuar a oferecer-te, bem sabias que te queria para todo o sempre, e embora soubesse o destino do meu coração, mudei. Coragem não me falta, mais antes uma segurança, sei que invisivel, mas nem de outro modo poderia ela surgir. A máscara será a mesma de hoje até sempre, nós já nos fizemos, nós já nos quisemos, resta apenas produzir os 5 elementos da vida. Água, Terra, Fogo e Ar, traduzir-se-ão nas nossas crenças na sua melhor performence. O Segredo será o quinto elemento que ninguém guarda, que ninguém sabe, que ninguém tem, só para quem por lá anda, só para quem o conhece. Afirmo que já lá por perto andei, já bem de frente o admirei, não é magia, não é filme romântico, é a tiragem de todos os teus desejos mais profundos espelhados em todos os teus medos mais insólitos.




By, Marta Mendes

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

domingo, 7 de dezembro de 2008

Água

Condenar será impossível, ate mesmo o mais desaquado para ti que sempre foste tão justo. Aparentemente fácil julgar, última coisa farei sobre ti e sobre nós. As presenças de azul nas nossas vidas carregam demasiados momentos proporcionais à dor que resta. Adimirar-te como espelho meu, lição imperdível que nem de um livro, filme ou palestra iria retirar. Palavras doces de mel, de quem sabe como prender abelha, impossibilidades fisicas e contemporâneas que nos separam de um sopro só, desorganizaram o espirito leve e transparente de quem ama. As lágrimas que querem deixar-se afixar no rosto, vincadas de sal, vão perder-se na fonte. A nascente vai recuperando devagar, dia para dia, em horas lentas que determinam equanimidade fisica e psicológica. A ilusão, o fascínio ou deslumbre de um olhar, de uma alma, atirou-me para um beco sem saida, para experiências e histórias a juntar ao meu livro pessoal. Terás o lugar que entenderei que deverás ter, junto a mim, para me lembrar com orgulho e força que soubeste carregar todos os dias. Tomo a decisão certa, não ao te marcar como rei da selva mas antes como leaozinho que a todo o custo procurou uma saída. Dá-te ao luxo. Publicidade não oferece reconhecimento, pelo contrario, a libertação primária da voz interior. Cada vez que olhar para a linha do horizonte saberei que reparas, proteges e cuidas, da mesma forma que ao tocar a mão na delicadeza da tua essência encontrarei a minha libertação.



By, Marta Mendes


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Air

Assim.... sem mais nem menos!
Surf Jam

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Na Terra

Desde á um mês para cá que tudo parece estar diferente, não só a cor das folhas se alterou, como também a natureza gélida do ar. O frio penetra mais fortemente na pele levando a textura fina dos lábios a ressequir. As estações do ano acompanham o crescer, acompanham o pensar desenvolvido da inerência de contextos e pretextos rotineiros. Tentamos espreitar pelo véu que impusemos a nos mesmos e descobrimos que não vale mais a pena, não vale mais o tempo desperdiçado em evidências ou clarividências óbvias que á partida nasceram connosco. Na pele, no sangue que percorre as nossas veias, nas células que geneticamente nos tornam aquilo que hoje somos, descobrimos uma outra realidade, uma outra perspectiva de noções e de quereres ocultos. Mistério que aparentemente se caracterizava medonho, assustador e naturalmente desconhecido, passa a ser uma entrada para um mundo de surpresas.
Podia idealizar-se de outro modo até ao fim das nossas vidas. E porque não? Nada nos impede. Nada nos impede de sonhar, de voar, de saltar a barreira e alcançar os nossos sonhos, conquistar as nossas alegrias, acompanhar os mais queridos e desenvolver as nossas aptidões.
Sinceramente que daqui ninguém passa, sinceramente que daqui ninguém nos leva, o coração permanece no mesmo lugar, o sentimento a uma Fé pertence, a um outro coração se protege, e as nossas lutas permitem que o mundo não acabe sem conhecer um pouco daquilo que pensamos já ter conhecido. Dé já vu ou não, tudo é cíclico porém cada ciclo trás sempre, e isto é certo, tras sempre uma nova experiência. Permitam-se expandir as cores do arco-íris!
By Marta Mendes

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Melodia

Dias de Luta, Dias de Glória

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Impasse


Serei aquela melhor pessoa do bairro a quem toda a gente procura aconchego e por quem aclama o calor de uma noite quente ao luar. A desmentir as notícias transmitidas por entre jornais e revistas desesperantes e insunuantes da dita atrasadice, enchergo por ignorância reveladora de uma satisfação útil ao descontrolo acalmante de uma hora frente ao mar que, não passa disto. É essa a única certeza que tenho. Daqui não movo mais um passo ou uma areia. Daqui não soluciono mais estratagema ou equação para o desenrolar de uma história em conjunto. Insenta em perfeições como se quer, todavia imunda de felicidade e segurança. Acontecimentos históricos carrega alguns, naturezas cármicas (quem saberá?), mas pelo menos a finalidade que move essa continuação a mesma se tende a verificar. O olhar desejado foi acautelado, bem como o desejo premeditado, já para não falar de uma vivência continua e permanente.
Serás a circunstância pretendida pela tua primeira intervenção, o descortinar de uma sensibilidade luminosa dominada por uma teimosia alegre. A neve que desejo ver um dia cair nesta rua do meu bairro trás os desejos escondidos e nunca antes revelados ou pelo menos transmitidos em posse para ti. Mar que me entendes, saberas tu me responder as estas? A neve como ela é trás a beleza de uma clareza auto-suficiente e fria de momentos que procuro aquecer. Revelo-me sempre cada vez mais, descubro-me ao mesmo tempo que te desmontas em pequenos grãos de areia. Surpresas todos os dias as sonho. A fronteira em Rio que nos separa de bairro para bairro impede, intensifica, enlouquece, transmite a essência que queres esconder.
Será esta a medida adequada? ..... "It would be that particular time with you".





By Marta Mendes

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Nova Vaga

"Eu gosto de viver.
Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente
infeliz, dilacerada pelo sofrimento,

mas através disso soube e sei,

com absoluta certeza que estar viva é sensacional!"

E é apesar de tudo!





By, Agatha Christie

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Passagem

Sem mais delongas, é o Outono, é mais uma estação para alcançar a sabedoria. As cores que presenciamos pelas avenidas desta cidade, Lisboa que encantas mesmo assim. Mostras-te um pouco mais quando te olho com saudade, as cores que me falas são quentes como castanhas rua acima do Chiado. Respiro-te de outra forma. Já deixo a porta da rua entreaberta, prepositadamente; sei que estás lá, caida no chão, ou no topo da árvore para te caracterizar. As tuas folhas secas, queimadas de sol, queimadas de tantas estações apertam o meu peito combinado com os teus gestos ventosos. O verdadeiro prazer está em te admirar ao fundo da esquina. A chuva que te acompanha juntamente com a manta que cobre os meus joelhos e os meus pés frente á lareira tornam-me numa outra mulher, mais forte e mais romãntica. Sou eu e somos nós que acolhemos este espírito nostálgico em nossas casas. Só assim conseguimos que ele venha e traga o Inverno.

Tornamos-nos assim autores de mais uma história, a nossa própria história.
Acreditamos que a partir de agora desculpamos tudo, esperamos tudo, e superamos tudo. Reconhecemos que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, frustações e perdas. Admitimos que somos felizes, que é possível conquistar a felicidade através da luta que se toma pela força das armas figurativas da esperança e coragem. É assim que perspectivamos mais uma transição. Sábios que somos encontramos a esperança na dor, a força no medo, amor nos desencontros e a felicidade em qualquer circunstância.





by, Marta Mendes

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Music

To my dear friends...
It makes pain go away ;)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tu

Transpiras a água de um oceano perdido, distanciado da civilização, circundado por sereias e piratas que te tentam mas que não te atormentam. Vives acordado, não dormes pois entendes que assim te proteges dos monstros marinhos. Deixaste de viver uma vida desafogada para não desistires dela. Vendaste a visão cristalina do teu olhar. Decidiste perder-te pelo mar, decidiste largar-te em novelos de espuma e correntes marítimas. Agendaste tudo em sonhos, correste em vales suecos, em planícies alentejanas e perdeste-te agora por estes lados. A paisagem arde nos teus olhos, quem te vê sabe como se transformam. Uma viagem? - Como? Nunca partiste. Nunca regressaste. Nunca estiveste neste lugar. É tudo Novo. É um Começo. Uma nova vaga. Traçaste o mapa, eu defeni as rotas que contêm os desejos mais profundos. As marés acompanhar-nos-ão. A lua cheia permanecerá vigilante. Acorda. Eu caminhei sempre para ti, sobre o teu mar encrespado. Atravessei as correntes desenhadas pela tua ondulação. Servi-te como Rei, por ora Rainha quero de ti o mesmo que queres de mim. Mergulha comigo, agarra-me ao passar por debaixo dela, repete, como sempre. Liberta-te deles, despega-te dos piores, agarra-te aos melhores, define-te como de longe o maior. És assim mesmo. Grande! Achas-te abandonado, pareces-me acampanhado, mas estás perdido na ilha, de copo em cada mão mas não é bem isso que desejas para ti. Bebe devagar, cansa-te só um pouco, deixa-te cair na paz e esquece a melancolia. Cair na inútil queixa, é esqueceres o limite que outrora impuseste a ti próprio, e noutra hora mais discreta. Esta noite, á meia noite clara de lua cheia entras sem chave no meu coração e verás o corpo dourado que figura no teu leito.




by Marta Mendes

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Considera

Um conquistador é aquele que sonha em capturá-la em pequenos gestos diários, pequenos gestos que demonstram a sua intensidade amorosa, pela sua veia de don juan. Um herói, já só por si não se basta em pequenos gestos, mas antes através da maior demonstração de afectos possíveis num curto espaço de tempo. Enquanto que um te oferece o menos por muito tempo, o outro oferece-te o mais por menos tempo. Lógicamente que são meros ímpetos de quem ama, contudo são aqueles que acendem a chama de uma paixão para sempre viva e cadente de energia. Existirão outras chamas assim sempre ardentes em calor, em capturas de ardor e furor, que se arrolam em aventuras inocentes, e bem assim existirão outras chamas inadvertidamente mais leves e mais aprazíveis para quem tende a admitir-se um pouco mais pacífico e passivo de oportunidade. Creio que cada chama serve cada coração não pela forma como quem a pretende mas antes pela forma como quem a segura. Quero eu dizer que tu escolhes a chama que acende o teu coração, e não é ela que te escolhe, a não ser que consigas então dominar a imprevisibilidade de uma que se apaga e recomeça em tempos impróprios para um coração enfraquecido por essas circunstâncias.


Tudo não passa de uma simples história.
Tudo se resume a uma escolha tempestiva.

Passas tu a mão pelo cabelo, tranquilo de que aquilo tudo parecia ser tão simples e tão redutor, e afinal tornou-se maquiavélico por suportar as vozes ineptas contudo acessórias ao desempenho de uma conquista pessoal e inevitável á tua sobrevivência amorosa.




by, Marta Mendes

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

25 anos...


La vitta mi ha detto che,

Lei non si misura dai quanti
respiri facciammo
ma dai momenti che ci tolgono il respiro.

Auguri!



by, Marta Mendes



quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A tua Onda


Um estado de espírito ou uma forma de estar? Certamente que já vos aconteceu sentir o mundo á roda, sentir um rodopiar de energia que chega a abalar o mais firme dos rochedos. Predominante alegria essa que nos transporta, que nos apega e quebra a alma. Certamente que já vos aconteceu sentir a delicadeza e o toque dela. Não. Não falo dela enquanto aquela mas apenas e somente aquela que eu sinto por entre as mãos, por entre um agarrar de sobrevivência e respiro asmático. Estar bem não é estar feliz. Estar feliz não é estar bem. Como é estar feliz? É agarrar nela. É impulsionar a vontade de crescer com a esperança e inocência de uma criança. Segue, vai em frente. Tenho a convicção que é desta que o destino não te larga. Certezas ninguém as tem, e as contradições é que fazem uma vida. Dentro desta fiz eu as minhas escolhas, e agora é só deixar seguir porque é ela mesma me leva para lá do horizonte.


Marta Mendes

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tanto Mais

Dementes aqueles que amam. Loucos aqueles que se esforçam. É a loucura que vai proclamar abstinência de mais ataques. Tantos quantos aqueles que o teu coração almejar, tantos quantos aqueles que te pedir na cedência inevitável de posições. Oiçam o que vos digo, só mais uma vez: a loucura está ai dentro! Desbravando a costa vicentina ao som das músicas nossas partilhadas em sorrisos inocentes, o que era meu dado por ti, perdido ficou. Restam-me as dúvidas, que essas aprendo agora a perder, se não foste tu mesmo que acautelaste a ligação fisíca de desejos ocultados em tempos antes por ti ignorados. Ingenuamente com o primeiro passo faço o meu take-off. Regular assim foi que aprendi a segurar. Sei que não á minha frente mais antes do meu lado encontro a tua pureza. Somos gêmeos? Parecidos? Ou meramente seres de um mesmo mundo? Se tenho uma chama, tenho a iluminação de uma vida, tenho a magia de um mar e a loucura para te amar. Quanto mais eu mais quero, menos eu encontro, quanto mais eu menos quero, mais eu mais encontro.
Deixa que eu vá aparecendo. É a minha praia de amor. Agradece a final.
Marta Mendes

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Majestic

Despi-me de preconceitos
Deitei fora as preocupações
Libertei a alma que
albergava alucinações.

A minha Terra permanece onde está
Os meus pés firmemente por cima dela
E a Lua a olhar por mim de cada vez que adormeço.
Protegida estou pelo sistema solar.


Já aqui enunciei a tua presença no meu ser,

Resta-me referir as tuas filhas Estrelas

Que também que me querem ver sorrir no cair da noite.

Adiante Coração destemido

Coração preenchido

Coração de Amor,
Em tempos, ora, queridas guerras.
Acautelo assim um Universo,
um Coração, uma Alma, uma Vida.

Conservo-te porque és o tudo e és o nada.
És o Infinito.



Marta Mendes









sexta-feira, 4 de julho de 2008

Resistir

Foi daqueles dias que repetiria por muitos anos. Tinha tudo. Não precisei de nada mais. Estavas lá para me segurar. O sol para me alegrar. O azul para me refrescar. O branco para me acalmar. Mas acima de tudo estavas lá tu para me conquistar. Perdi a conta de quantas vezes já tu me conquistaste. Das vezes que já me levaste para outros lugares. Não alcanço modo, palavra, gesto, figura que te caracterize. És absorvente. Pouco, talvez afirme. Estas mem me chegam para te reproduzir. Encaro-te uma vez mais como o perfeito, o ideal. Tens as cores que preciso para sobreviver. A luz para me representar. A intensidade para me viciar. E a força para não baixar. É um verdadeiro AMO-TE. Sincero. Evidentemente. Em tardes mais solicitadas, passou pela frente resistir-te porque te revoltaste com as minhas conquistas. Cedo compreendi a dimensão deste mundo cristalino e percebi que não alberga sentimentos desse foro. Desde então prometi-me que daqui nunca mais saías. É até ao fim. É até morrer. É até para sempre...


Marta Mendes

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Estou aqui

Vou-te contar. Se realmente acreditas, acredita até ao fim, e não permitas uma intromissão dúbia na tua esfera. Permite apenas e somente após certezas, se te achas na dúvida. Consente apenas e somente mediante partilha. Plena. Não permitas a tua submissão sem reservas ou condições. Dá-te ao luxo de pedir por aquilo que mereces. Tens direito a tudo, a todos os ingredientes que fazem o bolo. Se num dia só te dá açúcar, prepara-te; amanhã só terás farinha. Em pó ficarás tu se não aceitares a dura realidade das imprevisões. Opina pelas tuas pretensões, seguramente que assentam em valores escassos, bem assim raros de uma sociedade tão ridicularizada e desaproveitada. Rasga-te o coração em pedaços, tanto por ter como por não ter, valerá a pena remar contra a maré? Onde te levará um sonho tornado realidade se nem esse mesmo tem estrutura para suportar uma imaginação? Em que espaço físico assentam os meus pés, aqueles que me agarram á Terra, á realidade de ser humana? Vou-te contar. Se realmente acreditas, então é porque ao virar da esquina daquele edificio, naquele dia que chovia da cor dos teus olhos, sentiste que estava lá alguém para te segurar os pés na Terra.



Marta Mendes

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Para Ti


O Amor quando se revela
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar para ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse!
Se pudesse ouvir o olhar
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar

Mas quem muito sente, cala
Quem quer dizer quando sente
Fica sem alma
Fica só, inteiramente...

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar
Já não terei de falar-lhe
Porque lhe estou a falar.


by Fernando Pessoa

quarta-feira, 25 de junho de 2008

observo


Eheheheheheh...



terça-feira, 10 de junho de 2008

Sol


És a Luz do meu acordar
és a força do meu bem estar
na certeza de que amanhã lá vais estar
no céu para me encorajar.

Agarro-te entre as minhas mãos
e sinto o poder do teu raiar.
Pergunto-me:
"O que seria se te encaixasses dentro do meu ser?"



Marta Mendes


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Tempo

Sentada à beira rio, vejo o meu rosto reflectido em espelho. É prata brilhante e espelha um sorriso de mágoas recuperadas. Percorreram vales e montanhas, ultrapassaram tempestades e trovões, atingiram abismos em lugares inimagináveis até chegarem ao ponto de partida; o princípio dos princípios. Trabalho árduo é percorrer por estes caminhos, descobrir como encontrar a saída em labirintos perfeitamente desenhados de formas geométricas, aparados por simulações e desilusões que pretendem tornar-se amigáveis, que fazem de tudo para se alojar em território alheio e enfraquecido pela dor. Assim mesmo é suposto ser. É este o passo que consubstancia o crescimento. Interiormente fortes e indomáveis, deixamos por outro lado, uma janela aberta para o mais pequeno raio de luz. O nosso mundo fica mais puro ao designarmos a intensidade da claridade que invade o nosso território. Desejamos que cometam loucuras, que atravessem oceanos ou percorram por destinos cruzados porém de que vale a pena lutar contra ti? Tu estás sempre aí, imóvel, aparentemente sereno, de jeito teimoso e a querer vincar sempre que mais um dia passa, cada vez que mais uma hora passou e não deixou lugar a possível repetição. Contribuis para o desenrolar de vidas, para o ultrapassar de caminhadas, e ainda assim consegues ser companhia que revolta os mais impacientes. Mas nada fará com que desapareças no tempo. Tu és o tempo que determina a idade, o momento, e a consequência. Somos inseparáveis. E da próxima vez que te cruzares comigo nas minhas contendas, vou deixar que deslizes pelo momento com a serenidade que a natureza me oferece todos os dias, e quando o primeiro minuto passar, olharei para o rio e a imagem espelhada será exactamente aquela que recebi no meu primeiro acordar.
Marta Mendes

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Break The Chain

A representação do vício...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Party

O jantar está a ser servido. Será acompanhado pelas presenças habituais de uma sexta-feira á noite. O risotto de bróculos que delicia as costoletas de porco regadas de vinho branco e salpicadas de hortelã, farão uma de muitas outras delícias terrestres. O chef detem todas as especialidades da cozinha, muito para além da receita, que essa nem chega a existir, sabe como contornar uma dispensa vazia e sem sabor. Em dois segundos um prato é pensado e confeccionado. Á mesa estarão os bons garfos que enquanto aguardam pelo resultado final, vão depenicando nos aperitivos de pão coberto com tomate e mozzarela que derrete sobre as mãos, ao mesmo tempo que se sente o aroma de oregãos escolhido para despertar o nosso paladar. Chegado o tão esperado momento, somos convidados a sentar. A música não pode deixar de existir, não fosse ela o elemento que proporciona um convívio mais alegre, mais distinto e relaxante. Pode ser quase qualquer uma, desde que deixe boas vibrações. A primeira garfada permite aguçar todas as papilas gustativas pois para além de se poder comer só com os olhos, chega um momento que o próprio corpo pede pela real degustação. São actos próprios e muito próprios de cada uma que se senta á mesa. A bebida, a gargalhada que a segura, a conversa que forma o círculo das nossas contendas, as histórias que se debatem, as passadas e as contemporârenas, o piscar de olho que já denuncia alguma satisfação, marcam toda uma juventude, todo um fascínio de victórias. Sabemos que a noite ainda nos aguarda. As vestes já foram pensadas, apesar de toda a agitação criada á volta dessa escolha, conseguimos obter o conjunto perfeito. O vestido que nos enche as medidas, o tom da blusa que cobre o corpo, o tecido e consequente textura suave ou simplesmente aconchegante, servem os nossos designios. A pintura não podia deixar de ter o seu lugar determinante. Obviamente que se existe é para nos preencher. Agora que o corpo e o espírito se sentem predispostos a gargalhadas mais sonoras, mecanizamos todos os rituais rapidamente porque o táxi espera-nos lá fora. As agitações de uma semana de preocupações, as falhas de um sistema acomodado e desesperante ao nosso olhar, asseguram que nem que seja por uma noite de loucura, todas as horas e minutos que se seguirão estão sob a nossa alçada, estão sob o nosso domínio, que embora fantasiado e adormecido pelos nossos copos não vitimizarão o calor da nossa festa. As realidades, essas ficam em casa, ficam na mesinha que está mesmo ao lado do jornal para que amanha quando regressarmos da nossa levitação, saibamos qual é o nosso lugar.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Segredo

Rasguei aquela folha de papel, aquela folha de papel que trazias no bolso do teu casaco. Poderia ter afixado no quadro que deixaste lá em casa, todavia de que me adiantava guardar algo mais que te caracterizasse. Bastaram-me as longas e desesperadas horas de atenção para assegurar a especialidade de uma relação. Essa mesma agora que desvanecida pelo tempo como areia numa ampulheta desejava voltar ao de cima para uma nova partida. Acontece que nem só os telhados são de vidro, a ampulheta também se serve da mesma protecção. Por isso, não retomes, não existem inevitáveis á espera na tua porta, aí somente a aspiração a novas inspirações. De nada me serve a esperança ou a dita confiança, sendo certo que comportam a atitude de quem quer e deseja. Deixo que o tempo corra alegremente, sem as pressas do quotidiano, e creio que cedo se desmancham as ondulações de um mar bravo e inquietante. Tem dias que até antevejo o turbilhão de nuvens negras passando pela cabeça, os relâmpagos de uma noite quente que precedem a tempestade mas tudo isto detestado e encaminhado para os lugares do esquecimento. De pés descalços, à beira mar, sentindo a maresia que entra pelo corpo frio, de olhos postos naquele que até à bem pouco encontrei e não mais quererei largar, suspiro pela radiação solar que determina a minha imaginação, e quando volto ao meu lugar percebo a ligação dos elementos. Sei que ao alcançar o meu espaço oceânico os nossos caminhos não se cruzam, embora juntos por cá, em lugares diferentes, com tormentos e de refúgios idênticos, esconder-te não será seguro. Cultivo as diferenças mas nada ganho em dizê-lo. Escrevo sem porquê de nenhuma lembrança. As minhas palavras, estas, não passam apenas de uma passagem para aquilo que não se vê e não se sabe.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Poetry

Ela liberta-me. Todo o meu ser se expande em segundos. São momentos de euforia, de relaxamento associado a um desapego de interrogações repetitivas e reveladoras de um estado de alma que busca silêncio. Ela é variável no seu sentido, na sua aplicação, na sua dedução, bem como na sua verdade. A visão que transparece denota nudez de sentimento e também de frieza de apresentação. Mas ela é só uma, aquela que escolhes para ti como desejo intímo dos teus gostos e universos misteriosos, do jeito que pretendes realizar e demonstrar a pureza do teu fundo. Por mais explicações que pressiona uma definição, não arranjo maneira de justificar a evidência que me transmites, assim de maneira concreta e redutora. Encontro um modo quando te escrevo, quando te aplico na folha de papel, e deixo que esta se mova livremente, saboreando, sentindo e carregando o tempo com ritmo. És perfeitamente secreta, um pouco violenta e demasiado pessoal, mas essa natureza de cariz eminentemente pessoal fui eu que escolhi, uma vez iniciando o inédito que prometi. Existe uma comunhão de realidades e de factores que englobam todo o simbolismo que transponho aí, de maneira que advinhar-me não é pressuposto intencional mas sim uma consequência alucinante e ao fim ao cabo, original. Se consigo ficar de olhos extasiados, se consigo dar uso dos meus cinco sentidos, se consigo apreciar a paisagem quando estou contigo, se consigo reclamar uma presença, .... se consigo.... consigo a estranha perfeição desmedida de te escrever.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

is love

Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor.

Ter esperança é arriscar-se à desilusão.

Mas deve correr-se riscos, porque o maior risco da vida é nada arriscar.

A pessoa que nada arrisca nada faz, nada vê, nada é.

É incapaz de saber, de sentir, de mudar, de crescer, de amar e de viver.



Unknown

domingo, 20 de abril de 2008

Caminho


Essenciais são as palavras que transmitem emoções, que suscitam os nossos estados de alma, que explodem em tons quentes as nossas acreditações, que nos descrevem e nos distinguem de todas as outras. São elas que oferecem os ensinamentos de um Sábio, de um Guerreiro ou de um mero Navegante de histórias. Uma vez proferidas e sublinhadas, ficam em memória, ficam depositadas no coração. Se organizadas em capítulos, em breves pontuações, de entoação leve ou pesada, suscitam misteriosas existências de seres diferentes daqueles que decidem não transmitir mas arrancar de preconceitos e advertências mal feitas, ajustadas a complexos de ordem moral e socio-cultural, efectivando uma realidade adulterada em contraposição aos valores de uma Sabedoria honesta e luminosa. São esses que acabam ou pelo menos tentam exterminar o absoluto de uma comunhão simples de virtudes e de conspirações necessárias a uma vivência feliz e apaziguadora de sentidos. Aparições se constatam em coisas pequenas e simples. Explicar ou fazer ver a muitos a dificuldade desta aventura suscita sempre a grande virtude deste século. Paciência, claro. Se um homem é o único ser desta era que tem consciência de seus actos, então siga para lá, siga para um anúncio de melhoras e de descodificações denegridas de decadentes abrandamentos de vontades e medos associados a destinos preconcebidos. Lutar, enfrentar e decalcar em nosso interior pode ser um passo mas não é o começo dos princípios. O Combate inicia-se com o querer, com o entendimento, com o sonho que irá determinar o avanço no futuro campo de batalha. Não hiperbolizo nem tão pouco alegoricamente descrevo estas palavras; de uma única só e simples forma descrevo a minha Verdade. Não tem receita, não tem fórmula, nem sequer se baseia em opiniões alheias. Classifico-a como estimulante porque assenta nos meus sonhos, nos meus significados e nas forças de fundamento humilde. Por isto e por tudo mais, o alvo não será atingido escondendo-nos e intimidando os demais, ao contrário, atingi-lo é manter os olhos abertos, visualizá-lo, e com a concentração inerente à força de vontade, encaras a tua felicidade.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Alerta

Ouvi dizer que nada há para confirmar. Numa história que une acidentalmente dois seres de dois locais num mesmo local, repetindo-se por todos, neste ano, num próximo ano, ou até um ano antes, nem sempre justificarão os astros acontecimentos vindouros, grande maioria das gentes afirma até simples associação de factos que precludem numa mera coincidência. Ao preenchermos a nossa metade apercebemos-nos que nada adianta correr pois esteve sempre do nosso lado, dando sinais de reconhecimento alcançáveis só pela outra metade. Estar atento, acima de tudo, é a chave para o tesouro. Normalmente escolhemos o caminho a tomar através de uma primeira atitude, seja de consciência alertada, seja de consciência adormentada, de uma forma ou de outra damos um passo que irá consbustanciar o futuro. Determinadas as nossas escolhas, seguem-se as respectivas consequências porque depositar o cuidado devido e merecido de um próximo seguro e estável, acrescenta inevitavelmente o maior dos riscos; o medo. Pode suscitar tremores desapropriados ao sonho mas que justificam a grandeza de uma escolha verdadeira, livre e consciente. Ele tende a dominar os mais fracos, ultrapassando as margens das esferas pessoais sem sentido de oportunidade ou convite. É monstruosa a vizualização que ao perder a noção da sua dimensão ou proporção consentimos um domínio involuntário e perfeitamente desastroso para o nosso trajecto. Com a escolha assumimos um risco, e assumindo este, arriscamos toda a nossa verdade. O medo do desconhecido, o irreconhecível de um mar azul profundo, as rectóricas constantes de mentes loucas perseguem-nos, proclamando um controlo desumano. Chegou o momento. Não desistas agora. Levo a guerra até ao fim, mude o sol de trajectória ou mudem as estrelas de céu, eu estarei aqui. Se hoje for dia de luta, amanhã será dia de glória, e quando sentires a mão sobre ti, saberás que sou eu, porque eu estou aqui.
Marta Mendes

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Dias

Sentada os dedos percorrem as teclas deste sistema, delicadamente inserem os caracteres e os digitos organizados que transpõem as minhas palavras. Desde á muito que te observava. Não deste modo, assim. Inesperadamente. Dor causaste porém antes sentir a minha dor do que não sentir nada. O teu jeito autenticamente familiar, abraçou-me como da primeira vez. O toque e o sabor foram os mesmos. É sempre um retorno a casa. De longa distância, de perto sentimento, de perfeito enlaçe. O som que transmites juntamente com o meu agradecimento preconizam nobreza heróica. Pela porta vão surgindo os primeiros pássaros da primavera que teima em não chegar, a chuva persiste por outro lado, e os raios de sol penetram a minha sala oferecendo a minha inspiração, e não menos satisfação. No momento em que sabia que te conhecia, já tu estavas de olhos postos em mim. Indeterminada hora e minuto que cessaram os meus sentidos, foi num segundo, num primeiro olhar, e pela porta surgiste. Tu eras Tu, eu era Eu. O telefone toca e agita as conversas, a janela abre com um sopro de vento ténue e a nuvem esconde o sol brilhante e alanranjado. Suspiro profundo que aconselha pés na Terra, oposto denotado no olhar sincero da minha espécie. Nas rotinas que preenchem o meu tempo e o meu espaço inclui-te sem aviso, ponderei confronto todavia para que deveria explicar aquilo que não sei dizer? I really want you. O sono que arrebata e pesa nos meus olhos carregam fantasias de mel, sabor de sonhos, realidades consistentes em folhas de papel soltas na minha secretária, na minha caneta de cor, da cor do teu amor. Partilhando, entrando de passo a passo, tocas-me com o teu sabor salgado invadindo as extremidades do meu ser, formas círculos de tonturas e levas-me para o teu território. É um dia como serão outros dias. Imortal, eterno, sem fim. Dominada, abro a porta da minha sala, saio e vejo-te lá fora. Foi mais um dia, contigo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Noite


As expectativas que trazia no peito, levei-as para o deserto, deixo-as soltas à deriva de uma outra atmosfera paradisiaca que não a minha. Mais do que feliz por vos reconhecer noutro lugar, hoje e agora, num quarto escuro, fechado e sózinha, sento-me, encontro-me e deixo que as minhas contendas da vida se modifiquem. Com o passar dos tempos aprendi a utilizar os meus sentidos de uma outra forma, talvez mais precisa porque confiei nas minhas certezas e nas minhas forças. Alegro os outros através deles, de maneira despercebida mas perfeitamente reconhecida por mim. Embora não saibam o modo de revelação dos mesmos, eu sei o percurso que tomei para os integrar em vida, em conversas, em atitudes. E não preciso nem tão pouco precisarei desse reconhecimento pois se existe algo que não pede glória é aquele que me move, aliás, aquele que na minha visão faz mover o mundo. Mesmo ao abandonar o quarto, o meu pensamento não se deixa ficar lá, sempre agregado ao meu corpo, vai comigo para todos os destinos terrestres. Os meus olhos hipnotizados, seguem-te deliberadamente. A luta que me acompanhou e decididamente não me largará até ao fim dos tempos, traz a dádiva associada a ti. Dois a dois, de mãos dadas, dedos interlaçados, recebo os presentes, as atenções de um mundo perfeito. A doce luz dos olhos que cintila transparece no meu sorriso. Os gestos amenos e aveludados de uma rosa vermelha, colaram-se à minha pele, ao meu espírito. Uma única lágrima jurei não largar, prometi que nem uma se colaria às minhas pestanas, todavia levaste a mão ao cabelo. Duvidas de mim, porquê? Ouvi em tempos dizer que a natureza de um coração de diamante oferece defesa e protecção, como se fosse o mar. O mito está presente contudo não no meu momento. Conta a história que no princípio dos princípios com o intuito de castigar o homem, um feitiço foi largado sobre Pandora. Ao abrir a Caixa, sairia uma nuvem negra que faria escapar todas as maldições e pragas para assolar o planeta. A humanidade seria atormentada. Ela era semi deusa munida de todos os atributos mortais. Graciosidade e persuassão reinavam sob aparente inocência. Sentiriam eles todas as consequências ao primeiro toque. Mas não. Eu vou mergulhar diariamente no mar do teu olhar, e à noite vou permitir que recebas o meu verdadeiro sentimento.

Saudade


"As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

Nas praias que são o rosto branco das amadas mortas
Deixarei que o teu nome se perca repetido

Mas espera-me:
Pois por mais longos que sejam os caminhos
Eu regresso."




in Mar, by Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Anjo

Sigo na carruagem de head phones ouvindo o som que alenta o meu acordar, badaladas suaves contrastando com o rockear das multidões na constante luta de encontrões e empurrões. É certo que despertam os meus sentidos, do mesmo modo que ao segurar nas mãos a minha leitura de todas as manhãs de todas as semanas, dou de caras com semelhante facto. Acontece frequentemente ouvir não a música nos meus ouvidos mas o som dos céus a enlouquecer, delineando um mundo perfeito lá fora que levita o meu pensamento. Desapareço fisicamente e sei-o porque deixo de sentir os pés no chão. Construí desde muito cedo uma Casa de Sonhos, tem diversas portas, diversos compartimentos, um grande jardim verde, fresco, leve, rejuvenescedor e palpitante. Não tem castelos porque com os tempos desmonoraram-se, procure embora sempre modo de os reconstruir, sabendo de antemão que castelos nas nuvens não têm suporte. Restam-me as esperanças do outro lado da Casa, de frente para o infinito, ao lado de ti, que sustentas o areal, as rochas, as conchas, os búzios, ... a tua envolvência que se apega ao meu peito. O dia vai nascendo e uma vez mais deslizo contigo para o chão, persegues-me inevitavelmente na carruagem, de frente a mim, como te tornas tão absorvente. Amanhã fazes as malas e partes, ficando eu a arrumar as minhas mãos e as palavras atrapalhadas.Virás ao menos para uma palavra? Suspiro, não invento, suponho que invento, supõe que o início não começa, supõe que o princípio não limita. Novamente o tempo persegue, corre a coxear atrás de nós, o sinal toca levemente a realidade que persiste decalcada. Saio de cabeça erguida para uma outra, enfrento-te de peito erguido, a força está nas minhas entranhas, foste tu que a realçou ao confiares as tuas preces. Embaraçada fico deixando de lado o teu desamparo previsto e distinto. Não te receio, em ti descobri que para ser diferente de quem era bastou-me ver o teu rosto e mais que ver olhar... só te falta sentir por mais um pouco. Chegando ao destino que não desejei contudo encontrei, oponho-me frontalmente a estas perturbantes verdades desprovidas de exactidão, e não me toquem, não me falem, não me peçam para cantar, não me peçam nada. Eu permaneço estável e equilibrada, de passo frime e constante, encontro o meu caminho do meu lado e não está só, dubiamente disfarçado de ressentimento no interior, precede love. Memorizo-te, fui escolhida para te pensar.

Marta Mendes

segunda-feira, 31 de março de 2008

A mar

Não se coaduna com simples ideais imaginários, acredito até ao fim que este enorme sentimento coloca cada alma em estados de pouca lucidez, e isto porque existe e existiu sempre uma dominante carência de valores. Uma vez sobre a sua alçada a nossa consciência proclama Felicidade e acima de tudo Paz. Atingir este auge da natureza está mais perto do que pensamos, bastando apenas (!) uma atenção cognitiva e sensorial de espírito. Fácil de entendimento mas bastante mais díficil de obtenção. Nas pequenas coisas da vida, nos pequenos pormenores circundantes das nossas rotinas, num simples gesto de caridade ou numa atitude de compreensão para com o próximo estás. Vendo bem, ele está inerente a uma tranquilidade de espírito determinante em jornadas espirituais, passando pela Fé, que para uns é sinónimo de caminhadas a Fátima e que para outros integra deuses, como seria Neptuno. Existindo esta que move as nossas almas podemos notar o melhor e o mais bonito dos fenómenos que só alguns ainda conseguiram presenciar. Através de uma janela aberta ela pode ser vista, pensem e interiorizem a facilidade com que se levanta os pés da Terra e se viaja até sítio mais longínquo, somos automáticamente transportados para uma outra realidade, desejando ficar do outro lado. E até chegar o dia em que ele nos encontra colocamos todas as nossas inseguranças, porque será que desejamos sempre aquilo que não podemos ter, porque será que sofremos com aquilo que desejamos e não precisamos? Estas acompanhar-nos-ão até ao momento tão esperado. Em paralelo estás tu, senão és mesmo tu que que iluminas todos os dias a minha sombra. É em ti que a minha aventura começa, é em ti que esta tem as margens que merece, que me colocam em silêncio profundo. Por dentro fico a sorrir, talvez pouco afirme, fico junta contigo até ao fim dos tempos, quer chegue o tão esperado momento, quer eu o encontre antes de tu te aproximares. Eu não sei nada, sabe o tempo e naturalmente responderá a todos os porquês. Não vou desistir nunca de pensar em ti, podes decidir correr mas não me podes fugir!
Marta Mendes

domingo, 30 de março de 2008

Sonhei


Um passeio sentimental irremovível deixou dentro de mim uma lembrança. Subjacente ficaram desejos perdidos numa atmosfera envolvente, sustentavelmente soldados acompanhando divagações intempestivas. Enlouquecia-me o arrebatamento íntimo associado. Não procurei, não forçei, encontrei. Fincadamente de olhos postos em êxtase agarrei-te em palavras e gestos, genuínamente apropriados desrespeitando barreiras e vivências. A voz ecoava confiança incrédula de um ser governante e poderoso que erguia as partículas silenciosas da chuva. Saíste devagar depois dela, depois da chuva de estrelas. Vi tudo o que fazias, apesar de te esconderes, senti que empurravas vontade. Permitia uma aproximação que quebrasse o feitiço querido por muitos ignorantes da Terra, não fosse eu capaz de num só movimento ou atenção desenhada sobre a paisagem, dizer-te algo que não soubesses. O que não sou capaz de dizer dizendo-me, num lugar vazio e perdido no espaço, aguarda um breve estremecimento de alguém olhando atrás de ti. A ignorância de uma coisa que não sabes e sabes que não sabes, aguarda uma palavra que basta dizer ou não dizer, abrindo caminho entre o ser e a possibilidade. Em silêncio oiço eu uma voz familiar num sítio cheio de gente que só tu ouves dentro de ti, presumo que sejas tu comunicando para mim a verdadeira aparição do teu sorrir. Exibo leviandade contigo ao encontrar-te ouvindo o som do mar, depois quando acordo e volto da minha terrível mentira do sono, vejo de novo o sol nascer lá fora.

Marta Mendes

terça-feira, 25 de março de 2008

Apresenta-te

Essa tua palma sobre a minha mão que tem que eu leia? Estou metida em confusão pela tua presença mas convicta de que és tu o coração que respondeu à minha chamada. Longe e presente, avançando e recuando, fizeste-te notar. Dentro deste panorama sei onde te procurar mas não como te alcançar. Os contos de princípes e princesas descrevo e transporto a esta era. Lá no alto do firmamento, de mão estendida, de braços abertos, o teu corpo recebe-me com as graças dos deuses que reinam lá nos céus. São estas constatações místicas que na sua percepção poderão encaminhar a tua existência pois não mais posso eu decifrar daquilo que cá na terra eu desconheço e não descodifico. Faltas-me tu. Revolta-te um pouco. Agita estes mares; humildemente a imensidão dos oceanos espera-te. Confesso-me às constelações estrelares desde a manhã em que o mar copiou cem vezes o verbo amar. Rejubilo porque isoladamente antevejo as tuas acções e declarações, e de novo tudo é possível. As gargalhadas imensas provocam o bem-estar acautelado de uma história comum. Que bem conheço eu a espera, a princípio é cadeira de balanço, seguidamente é copo de gelo com gin e limão numa casa de canção, e no fim de estar adormecida pela dor, caio numa cama ao acaso. Castigos desmedidos foram repetidos em tempos e repentinamente esquecidos do outro lado da ponte. Sem rancores. Não deixes que tenha mais uma noite sem lua.

terça-feira, 18 de março de 2008

Estrela Branca

Noutro dia enquanto levantava o cortinado notei a claridade que trespassava no rio da cidade, o brilho que trazia a cor do mesmo, a transparência que transmitia a tranquilidade inerente a uma luz branca, idêntica a uma estrela no céu. Quando falamos em autenticidade a maior parte das vezes assumimos a ideia de que a nós não nos pertence, que isso é coisa de fundamentalistas ou budistas, contudo a ideia que deixo presente assenta num ideal tão genuíno
e tão próximo que nem se sente presença. Dentro de cada um, no interior do mais ínfimo pormenor, ela guia-te.
Ao percorrer as ruas da cidade encontro as melodias que encantam a existência subliminar da vida, estás ao virar de cada esquina, mesmo que olhe ao oposto consigo destacar-te de entre tudo, comunicando-te silenciosamente. Fazes-me sentir livre. Não existe nada que nos separe ou destrua. Esta sim é a união perfeita, não ostenta orgulho, não ostenta ingratidão, é sinceramente singela. Viajo assim contigo para todo o lado, como uma nuvem de terra para terra.
Marta Mendes

segunda-feira, 10 de março de 2008

Juntas

Guardamos os maiores dos segredos porém não são secretos. A essência de cada um suspira uma alegria incontornável como se tivesse todas as cores do arco-íris, uns mais coloridos que outros, no entanto são os mais sombreados que seguram os nossos momentos. Aquela hora mais tensa ou aquele fim de tarde interminável trouxeram todas as vivências premiadas apostas nas nossas portas. São memórias que mantêm a força presente todos os dias porque não basta vizualizá-las; peremptória afirmação é conhecer a sensação. É doce, terna e eterna... conquista o coração dando-lhe algo mais que silêncio ou doçura, não fica imóvel, nem ausente pois se nada tem para dar, dá-te tudo aquilo que falta. Prometo que guardo no meu segredo os nossos segredos até ao dia em que o sol abandonar o céu. Rendendo-me às evidências, resta-me brindar-Vos como dita a regra: "Um brinde a Nós, porque Nós estamos cá sempre... o resto... vai e vem!".

quinta-feira, 6 de março de 2008

Luminoso

Tentaria descrever-te, a ti, a ele, e até mesmo á primeira das sensações, já que foi fria, também quente e agora nem lugar destacado se arranja. Fizeste-me perder o equilíbrio por diversas vezes, tantas foram que ainda eu naquela tarde solarenga te perguntava como te poderia reconquistar. Lembraste? Relembro com saudade as tuas primeiras incursões, o teu primeiro toque que aliado ao teu sabor salgado trazia sensações, imagens e sentimentos que nunca antes foi permitido sequer sonhar. Ao certo descreveria como único... e tu sabes, tu sentiste, tu confirmaste por igual. Agora ficam as memórias, e censurando episódios procuro destino para ti, e para ele. Não me liberto porque sei que estás comigo, dentro de mim eu sinto-te, e nos dias que a tua ausência causa ânsia de espírito livre, olho-me e vejo-te nos meus olhos; estás a sorrir, como sempre. A tua imagem rude nada tem de grosseira, controversa natureza aparentemente céptica ou incerta, somente sugere delicadeza; numa cor serias azul.

Marta Mendes