O Fogo

O Sol deixava ver as duas andorinhas ao longe. Reflectia a cor branca de cada uma, a liberdade de movimentos daquela união. Juntas voavam, separadas mas unidas pela mesma harmonia. Quando se separavam não se perdiam, sabiam apenas que estavam mais longe, noutro lugar procurando por mais desejos. O olhar de ambas ía na mesma direcção, não era preciso falar, nem tão pouco pensar em preocupar, sabiam sempre que por mais distâncias ou barreiras, o sentimento era inquebrável. O azul predominava, era a cor do mar que os apegava. Com ou sem ondas, com ou sem marés o mundo corria perfeito. Se sonhavam viajar para lugares mais distantes, para praias mais desertas, as asas abriam, voavam e perdiam-se pela força do vento. Era natural, era leve, sem correntes ou tempestades. Sim, és perfeito. Sim, a vida é só uma. 'Bora vive-la como nunca? Desejamos o mesmo percurso. Queimavas com o teu fogo, queimavas com a tua ansiedade mas procuravas sempre forma de regar um pouco mais a Terra que queria cultivar. A fruta que desejava ver crescer na tua paisagem era alimentada pelo teu amor e pela minha esperança.

Escrevo para te fazer lembrar dos momentos que passamos, escrevo para te relembrar que ensinaste bem, que mestres são poucos e que as vidas podem ser melhores... Queres uma vida intensa de fogo e água, de montanhas russas intermináveis, pois eu digo-te agora que tudo o que é bom também acaba. Sei que estás longe, mesmo longe, daqui não te vejo, daqui não te imagino mas sinto uma força desse lado que procura chegar o mais tardar. És tu quem eu penso que sejas ou és apenas uma miragem de sonhos infantis?

Não me vou esquecer de ti, tu já não queres pensar, nem eu, queres apenas dizer-me: " Vamos viver...". E será mesmo até ao fim....?

By, Marta Mendes